Up & reskilling de pessoas com deficiência em tecnologia

A experiência da Prosper com a aceleração de +200 PcDs para o mercado de trabalho

Era março de 2021 quando a Alelo, que já havia patrocinado edições do Women Can Code e do AfroDev, nos desafiou a desenhar o nosso primeiro programa de formação em tecnologia para pessoas com deficiência. 

Como sempre fizemos ao desenvolver projetos voltados para outros públicos sub-representados, nos preocupamos em pesquisar profundamente sobre o tema, ouvir pessoas desta comunidade e buscar parceiros com expertises complementares ao nosso, para garantir que os objetivos da iniciativa e as experiências das pessoas participantes fossem os melhores possíveis. 

O Código Sem Barreiras atraiu mais de 500 pessoas interessadas, das quais 35 foram selecionadas para a jornada de up & reskilling e 11 foram contratadas pela Alelo ao final do projeto. Dessas pessoas contratadas, a maioria delas continua na empresa até hoje, e as outras ou deram continuidade às suas jornadas de desenvolvimento de habilidades ou foram contratadas por empresas do mercado.

De lá pra cá, planejamos e executamos iniciativas semelhantes com empresas como Avanade, Blip, CESAR, John Deere e RDI Software e neste momento, estamos trabalhando em parceria com a Logicalis e a TotalPass para acelerar, na área de tecnologia, o desenvolvimento de mais pessoas com deficiência. 

Por isso, entendo que já reunimos experiência suficiente para compartilhar alguns insights e recomendações para organizações que estão considerando investir nesta mesma linha.

  1. Reconheça o seu ponto de partida

Em constante contato com o mercado, vejo frequentemente empresas se posicionando em dois extremos, quando falamos de formação e contratação de pessoas com deficiência: ou subestimam a complexidade de uma iniciativa na área e imaginam que, pelo fato de estarem oferecendo capacitação gratuita, não precisam se preocupar com as necessidades das pessoas que aproveitarão destas oportunidades, ou se fazem valer dos desafios e da falta de preparação de suas empresas com o tema para justificar o não avanço nesta agenda. Nossa recomendação é evitar esta polarização, assim como as empresas que tem trabalhado conosco tem feito, o caminho é reconhecer onde cada empresa está nesta jornada e trabalhar cuidadosamente, considerando as necessidades das pessoas com deficiência envolvidas e também a realidade organizacional, para garantir com que a companhia continue evoluindo e gerando impacto cada vez mais positivo.

  1. Articule e sensibilize os stakeholders

As iniciativas que conquistam os melhores resultados e se fortalecem a cada edição, conquistando mais recursos para gerar ainda mais impacto, são aquelas que não nascem ou não são desenvolvidas como projeto de uma única área. Por isso, é fundamental sensibilizar e envolver desde o começo lideranças e pessoas, não só de recursos humanos, mas principalmente da área de tecnologia e outras áreas que possam fazer sentido. Nem sempre será um processo fácil e muitas vezes demandará muita resiliência e perseverança, mas quanto mais aliados você tiver ao longo da construção, maiores as chances de sucesso já na primeira edição e de fortalecimento da iniciativa ao longo do tempo.

  1. Valorize o potencial humano

Um dos feedbacks que mais recebemos das pessoas que participaram destas iniciativas é o de que eles se sentiram valorizados, especialmente pela perspectiva de poder se inserirem e desenvolverem carreira em um mercado de trabalho tão promissor. Ao mesmo tempo em que consideravam as deficiências de cada pessoa participante, as abordagens educacionais foram além de suas limitações e concentraram foco em seu potencial humano.

  1. Busque parcerias complementares

Felizmente, existem muitas pessoas e organizações especializadas em pessoas com deficiência que podem colaborar de diferentes formas. Sem me arriscar a elencar todas, posso destacar a Talento Incluir da Carolina Ignarra, a Egalite do Guilherme Braga, a Tip do Caio Bogos. Além destas empresas, existem lideranças na comunidade de pessoas com deficiência que atuam como verdadeiros influenciadores, contribuindo para a sensibilização e o letramento do mercado corporativo e da sociedade, como o Thierry Marcondes, a Alessandra Trigo, a Andrea Schwarz, entre outros. É muito importante que as organizações valorizem e contem com o expertise destes especialistas.

  1. Garanta uma boa experiência do início ao fim

Aproveitando o modelo da Experiência da Pessoa Candidata e da Pessoa Colaboradora, é importante mapear todas as interações e pontos de contato do projeto, de preferência sob a perspectiva da pessoa participante e identificar a necessidade de ajustes que promovam a melhor experiência possível. Realizar pesquisas de reação e satisfação/recomendação é uma ação importante para encontrar oportunidades de correção e priorizar a melhoria contínua da iniciativa.

  1. Personalize a jornada de up & reskilling 

Ao longo da nossa jornada, especialmente durante o desenvolvimento da Prosper Sprints, encontramos evidências de que a personalização do processo de aprendizagem tem um impacto positivo e relevante em relação ao engajamento das pessoas participantes e consequentemente nos resultados do processo de aprendizado. Quando pensamos em pessoas com deficiência, é recomendável sempre que possível considerar o que estas pessoas já sabem e os níveis de proficiência nas habilidades que estão sendo trabalhadas, para focar o processo de aprendizagem nos gaps mais importantes e otimizar os resultados das jornadas de up & reskilling. 

  1. Prepare o ambiente para a inclusão

Tão importante quanto fazer um esforço intencional para qualificar e contratar pessoas com deficiência é garantir com que a organização e as pessoas estejam preparadas para acolher e incluir. É, portanto, fundamental investir esforços contínuos em iniciativas e programas de sensibilização e letramento. Quando pensamos no público das lideranças e seu impacto no ambiente de trabalho, este cuidado e reforço é ainda mais importante. Revisitar a estrutura física, os processos e as ferramentas de trabalho é outra ação essencial. 

  1. Continue desenvolvendo habilidades

O investimento no desenvolvimento de habilidades não deveria ser interrompido após a contratação. Ainda que o projeto de education recruiting tenha promovido o progresso de determinadas habilidades, é provável que ainda existam gaps para serem trabalhados e a própria evolução contínua e cada vez mais rápida da tecnologia vai exigir com que estas pessoas continuem tendo oportunidades de up & reskilling. É importante reconhecer que pessoas de grupos sub-representados iniciam suas jornadas em pontos de partida muito diferentes da população em geral e por isso merecem programas afirmativos para continuar se desenvolvendo e buscando a correção do cenário de desigualdade de oportunidades.

  1. Vá além da cota

Criada há mais de 30 anos, a lei que estabelece cotas para pessoas com deficiência se antecipou a toda discussão sobre o tema de Diversidade, Equidade e Inclusão nas empresas e teve um papel importante na sensibilização das organizações para revisão de suas operações e processos. Ainda que muitas empresas ainda não estejam cumprindo esta legislação, nossa provocação é que elas assumam compromissos que ultrapassem os percentuais exigidos por lei. Inúmeros estudos comprovam o extraordinário valor que times diversos geram e o impacto positivo em termos de resultados, inclusive financeiros. A busca por um ambiente de trabalho verdadeiramente diverso e inclusivo e o impacto social já são justificativas para que as empresas direcionem recursos e esforços para a qualificação e contratação de pessoas com deficiência e de outros grupos sub-representados.

Espero que este conteúdo contribua para que mais empresas se engajem na jornada de up & reskilling de pessoas com deficiência na área de tecnologia e juntos possamos corrigir o cenário de desigualdade de oportunidades e ampliar a diversidade e inclusão nos times tech. 

Que tal compartilhar esses insights com alguém que possa se beneficiar deles?

Como você deve ter percebido, a Prosper acumulou sólida experiência no tema e está preparada para ajudar a sua organização a avançar nesta agenda. Vamos juntos? 

Escrito por: Luiz Eduardo Drouet, Founder da Prosper Tech Talents, startup de impacto focada em escalar o desenvolvimento de habilidades para o futuro do trabalho, Chairperson da Share People Hub, hub de soluções em recursos humanos e Presidente da ABRH-SP, principal comunidade de profissionais de RH do país.

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