Por que é tão difícil engajar profissionais nos processos de up & reskilling em tech?

Conversando essa semana com lideranças de RH e T&D (treinamento e desenvolvimento), falávamos sobre como os maiores desafios ao implementar iniciativas de upskilling e reskilling com desenvolvedores de software não são somente a falta de orçamento ou problemas com os conteúdos disponíveis. Ao contrário, há uma grande diversidade de opções de cursos e treinamentos de boa qualidade disponíveis no mercado e, para a maior parte das grandes empresas, os investimentos em qualificação têm se tornado cada vez mais relevantes.

Um dos problemas que mais impacta o desenvolvimento das pessoas e que desafia a obtenção de resultados mais estratégicos por parte das organizações é o engajamento dos profissionais nas iniciativas de educação corporativa. Mesmo as empresas que permitem que os colaboradores decidam sobre como e onde investir o orçamento destinado à qualificação, se deparam com um baixo envolvimento e aplicação desses recursos.

Mas por que isso acontece? Seria falta de interesse ou a percepção desses profissionais de que “já sabem tudo que deveriam saber”?

Antes de responder a essa pergunta, convido você a refletir sobre suas motivações ao ingressar em sua última experiência educacional, seja ela uma graduação, especialização, curso livre ou, até mesmo, a leitura de um livro. Quais eram seus objetivos e expectativas? Por que escolheu o conteúdo e tema de estudo em questão?

Essa reflexão é importante para começarmos a responder o que gera o baixo engajamento de profissionais tech em up & reskilling. Muitos de nós buscamos qualificação somente quando nos deparamos com um desafio específico, seja ele pessoal ou profissional, e mesmo para aquelas pessoas que gostam genuinamente de estudar e se manter atualizadas, há sempre um tema de interesse que norteia seus esforços nesse sentido.

Há alguns meses, conversando com tech leads e outras lideranças de TI, perguntei se eles acreditavam que seus liderados sabiam quais habilidades técnicas e comportamentais precisam desenvolver para progredir em suas carreiras e a resposta foi quase unânime: quanto mais inexperientes, menos eles sabem o que não sabem e quanto mais experientes, mais eles acreditam que precisam desenvolver suas habilidades de liderança (o que não deixa de estar correto, mas demonstra uma certa limitação de percepção quanto às outras habilidades importantes para a sua função).

Ou seja, se ter um objetivo claro é fundamental para que sejamos capazes de reunir a motivação necessária para aprender, já é possível enxergar aqui o primeiro fator que prejudica o comprometimento das pessoas nas jornadas de up & reskilling: elas não têm clareza sobre quais habilidades precisam desenvolver e por onde devem começar. Falta a elas um “porquê”.

Outro aspecto que costuma surgir com bastante frequência como desafio é a disponibilidade de tempo. Na rotina intensa de entregas do trabalho, muitas vezes, os colaboradores se veem diante do desafio de priorizar tarefas urgentes e com maior impacto nos resultados do negócio, em detrimento de se dedicar ao auto-aperfeiçoamento.

Além disso, estabelecer uma rotina de qualificação fora do horário de trabalho tem um custo que nem todos os colaboradores estão dispostos a pagar: impactos em outras áreas da vida, renúncias e cansaço, que pode afetar a capacidade de aprendizagem e a produtividade no trabalho.

Esses dois fatores até são bastante óbvios e costumam aparecer com frequência como justificativa para a falta de dedicação ao upskilling, mas existem outras duas razões que, por vezes, podem não estar tão visíveis. Comecei esse texto mencionando a abundância de conteúdos de estudo disponíveis na internet, mas a verdade é que alguns profissionais mais experientes se queixam da falta de conteúdo especializado e aprofundado, especialmente em língua portuguesa.

O outro desafio diz respeito ao modelo de aprendizagem e traz consigo um questionamento: será que desenvolvedores de software não estão aprendendo e evoluindo ao consultar um fórum para descobrir como resolver um problema específico do trabalho ou ao receber uma sugestão de melhoria através de um pair review?

A aprendizagem não precisa, necessariamente, estar vinculada ao consumo de conteúdos. A base teórica é muito importante para abastecer a “caixa de ferramentas” dos profissionais, mas é preciso combiná-la com atividades que proporcionem “mão na massa”, que tragam sentido para o upskilling e o tornem mais interessante.

Lideranças de RH e de T&D precisam se aproximar dos desenvolvedores de software, dialogar mais e entender suas principais dificuldades em relação ao seu processo de upskilling. Já as lideranças técnicas precisam ser capazes de apoiar os liderados nessa jornada, deixando claro quais habilidades precisam ser desenvolvidas, como potencializar os talentos que as pessoas já possuem e como adaptar o caminho, as ferramentas e o conteúdo às necessidades individuais de cada pessoa do time.

Escrito por: Kimberly Lima, Head of Product na Prosper Tech Talents.

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